Em resposta a:
efe |
Comecei a Fotografar em 1977. Mal, muito mal. Até finais dos anos 80 passei por estúdios fotográficos e laboratórios industriais de Fotografia onde aprendi, apenas, um pouco do muito que poderia ter aprendido.
Mas foi nos anos noventa que mais aprendi sobre Fotografia. Curiosamente, na Internet. Curiosamente, mais em sites de amadores do que de profissionais (onde se aprende mais pela observação, ao invés da “provocação” existente nos sites de amadores). Destaco a maior “escola” de Fotografia online em língua portuguesa, o foto@pt. Lembro os inusitados enquadramentos, os curiosos pontos de vista, e um rol de coisas estranhas e ingénuas que só o olhar descomprometido dos “aprendizes” podia gerar. E aprendi com essas ocorrências singulares, e repetidas – repetidas, porque cada um tem o seu percurso a realizar e muitos dos caminhos são comuns.
Se achasse as pessoas deste site e as suas fotografias totalmente desprovidos/as de interesse não estaria aqui. Recuso-me é a contribuir para a “apatia do estar” e para a formulação de uma Fotografia asséptica, seguidista dos cânones e normas, quase totalmente desprovida de emotividade no acto de fotografar (ainda que representando conteúdos que apelam à emoção ou remetem para ela). Sites desses, há por aí aos pontapés. Oferecem postais ilustrados dignos dos cliparts do Corel Draw.
Sem paixão, não há arte. Sem acto de paixão, não há criação artística.
Em termos formais, e técnicos, não possuo muitos conhecimentos, sobretudo porque não os procuro, porque sou um diletante e acima de tudo um indolente, mas também porque o Mestre Umberto avisou-me de quão perniciosa e manipuladora a Imagem pode ser. A partir de então, desconfio, e não me engajo.
Acho que uma das riquezas da Fotografia reside no facto de possibilitar uma experimentação muito variada e a exploração de potenciais de criatividade quase infinitos. O digital veio, em certa medida, libertar a Fotografia tradicional (ou convencional) tal como a Fotografia libertou a pintura. Hoje, é devido ao “digital” que muitos neófitos participam em discussões e experiências que, antes, teriam dificuldade em aceder (muito por culpa de um certo culto de elitismo e de uma pseudo complexidade da “linguagem fotográfica” que vigorou durante algum tempo).
O que é necessário na Fotografia, nesta Fotografia deste site p. ex., é não levar tudo tão a sério. Afinal, tal como nas outras coisas do quotidiano.
O mais triste é sempre aquele que leva tudo demasiado a sério.
E vejam a idiossincrasia que é tentar levar a sério a vida num país de faz-de-conta.
;p
PS: - Bem sei que aflorei pela rama muitos aspectos que davam para profundas e apaixonadas discussões, mas fiquei-me por lacónicas afirmações. Não há tempo para isso, daqui a segundos regresso ao meu mais profundo e natural registo de pantomineiro e não suportarei discussões sérias. Vá, agora batam… mas não arranhem.
Bom Negócio Natalício para todos.
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