Descrição: | O tempo passa lenta e pesadamente, e eu, aninhada na poltrona gasta, sinto cada segundo que avança no relógio velho desta casa sombria e deserta. Inocentemente aguardo pelo teu telefonema, pela tua voz possante e tranquilizadora, enquanto fumo com impaciência e confirmo as horas freneticamente. Por entre as frinchas da persiana invade o piscar constante dos reclames luminosos e, por vezes, de relance, solto o olhar para o telefone. Nada.
Elevo o cigarro à boca de novo, mas já me sabe a pouco. O que preciso é de um copo de champagne e senti-lo a dispersar-se nos meus lábios sedentos e a escorrer suavemente pela garganta. Fecho os olhos, desesperando com tanta demora, isto se ainda ligares.
Dói-me a alma, sabias? Ao menos importas-te?
Sara Santos Silva, 2006 |