Descrição: | Tem um tempo que passa e um tempo que não passa. O tempo que passa é o tempo dos relógios, das noites e dos dias. O tempo que não passa é o tempo congelado daquilo que não logrou virar palavra.
Cada um de nós tem um tempo que não passa. Um tempo de que não se fala. Tempo de um tempo em que ainda não tínhamos acesso à fala. Um tempo de fragmentos, de restos desarticulados de imagens e ruídos sem sentido. Um tempo cansado de não passar.
Tempo em que as coisas aconteceram sem o amparo das palavras. Por isso, as coisas são dardos cravados na carne, de onde, doendo, fazem sinal em forma de angústia. Por isso, este é um tempo que insiste em se contar, para de uma vez por todas deixar de doer, tornando-se passado.
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